sexta-feira, setembro 18

Sobre os nossos julgamentos


Há anos atrás comprei um livro de Orlando Boyer,PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. E comecei a utilizá-lo como obra de referência, mas logo tive que me valer de outras, em inglês, para os meus propósitos. Na época coordenava uma editora evangélica e precisava de um grande número de informações precisas e acuradas na área teológica. Como missionária e escritora passei a denegrir esta obra, em detrimento de outras. Taxei-a de incompleta, fraquinha, e nunca a recomendava a ninguém e outras cositas más, e bem más. Ficou esquecida num canto empoeirado.Os anos se passaram, e minha coleção de dicionários bíblicos aumentou. Grandes mudanças na vida ocorreram, e fui levada ao campo das missões no sul do Brasil pelas mãos do próprio Deus. E então...um certo dia, lendo uma revista da CPAD, encontrei um artigo sobre os últimos anos de vida de Orlando Boyer, que fez questão de (eis a bomba!): continuar escrevendo aquela PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA já quase cego, nos seus últimos suspiros de vida. Ele fazia questão de terminá-la, mas não o conseguiu. Adoecia de cama, se recuperava, mas sempre voltava a esta obra.

Que tapa na cara levei naquele momento!

Julguei a obra e me esqueci que atrás dela havia um homem frágil, que fez tudo o que pode para doar esta obra para o Brasil, país que ele muito amava. Como eu, Orlando Boyer também era um missionário em terras estranhas, que lutou muito pela evangelização do nosso país. Trabalhou incansavelmente como escritor e deixou obras maravilhosas para o povo de fala portuguesa.
Pedi perdão a Deus por julgar erradamente. Senti-me um trapo: como não percebi que o meu julgamento não enxergava o homem atrás da obra, o seu ardor pela obra missionária brasileira? Aquela PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA tinha o sangue de Cristo como sua maior marca...e eu nem havia percebido tal desvario do meu julgamento.
Confesso que aprendi muito com esta lição. Sim, ainda julgo erradamente. E peço perdão, sempre. Sou um pedaço de pó em constante aprendizado, dust in the wind.
Julgar é não possuir o amor de Cristo pela humanidade, que a ama incondicionalmente. O valor que Cristo dá aos Seus é diametralmente oposto ao valor que o mundo, podre mundo, dá às suas criaturas..e parcas obras.
Este livro, hoje, não está muito longe de minhas mãos. Ela adquiriu um novo valor, brilhante na mesa. Brilho que somente o sangue de Cristo lhe conferiu.
A seguir trancrevo um trecho do prefácio do próprio Boyer à sua ENCICLOPÉDIA:
Queira o Senhor soprar sobre estes fatos secos e frios da ENCICLOPÉDIA...como soprou sobre os seus discípulos (João 20.22). Que entre o Espírito nesses fatos como a vida entrou nos ossos secos da visão de Ezequiel, para que estudantes se convertam em obreiros ardentes e sobrenaturalmente frutíferos em toda a boa obra. O. S.

Tentemos nos corrigir, sempre. Não devemos julgar pelas aparências nada e ninguém. Nossas justiças são como trapos de muita, muita, imundícia.

A fidelidade e a verdade são as mais sagradas dignidades e dotes da mente humana. Cícero
Missionária Alzira Sterque
Florianópolis

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