"Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do SENHOR. 6 Ele será como um arbusto no deserto; não verá quando vier algum bem. Habitará nos lugares áridos do deserto, numa terra salgada onde não vive ninguém. 7 "Mas bendito é o homem cuja confiança está no SENHOR, cuja confiança nele está. 8 Ele será como uma árvore plantada junto às águas e que estende as suas raízes para o ribeiro. Ela não temerá quando chegar o calor, porque as suas folhas estão sempre verdes; não ficará ansiosa no ano da seca nem deixará de dar fruto".
Olhando para este texto podemos ver a grande diferença, o grande abismo que existe entre os que confiam na humanidade e os que confiam no Senhor. A primeira coisa que fica clara: Quem confia em Deus é bendito e quem confia na humanidade, maldito. Tudo bem, esse argumento nada serve para o evangelismo além de não ser muito esclarecedor.
A comparação continua. O homem que confia em Deus é comparado com uma árvore na beira de um ribeiro, enquanto o que confia na humanidade como um arbusto no deserto. Essa comparação é bem forte. Esqueça um pouco os seus afazeres de logo mais. Ei, concentre-se aqui. Deixe sua mente passear um pouco por essa parábola. Vá até o deserto, sinta o calor e o sol ardendo sobre si. Um vento seco e cortante enche seus olhos de areia e sua boca seca arde de sede. Você olha ao redor e vê o que? Vê cactos, e um pequenino arbusto. Deus criou as plantas do deserto com peculiaridades, e ao passar dos anos elas ainda mais se adaptaram. O que você vê agora são plantas que tiveram suas folhas transformadas em espinhos, para que a sudação não levasse embora toda sua água. Mas esse mecanismo de sobrevivência custou caro. A planta que agora você vê tem aspecto asqueroso, seus espinhos parecem lanças dizendo “fique longe de mim”. Você caminha um pouco, e fica com a perna presa em um espinho de uma planta e seu braço é rasgado por outro... Queriam as plantas do deserto lhe ferir? Não, queria apenas se proteger.
Aqueles que põem sua confiança em homens são assim. Gastam muito de seu precioso tempo criando mecanismos de defesa, se adaptando a sequidão deste mundo. E por isso temos tantos desentendimentos, pois quem é rasgado por um espinho, vai entender isso como uma agressão e não como a defesa de outrem. Gastam suas energias acumulando para si mesmos, como os cactos acumulam água. E por que? Porque não sabem quando a humanidade dará suas chuvas. Assim é o homem que confia no homem. De tanto se proteger fica asqueroso, de tanto medo da escassez fica insensível à necessidade alheia. Por sua excessiva preocupação não tem tempo para crescer e dar frutos. Ao contrário do que diz o texto sobre quem confia no Senhor, o qual mesmo no ano da seca produz fruto. E como esse peculiar arbusto de Jeremias não produz fruto, não vive ninguém ao seu redor. Você se aproxima desse arbusto, faminto sedento e tudo que encontra são galhos ressequidos. Quem afasta a sua confiança do Senhor e confia em si mesmo, ou na humanidade, seja pelas vias da ciência, da tecnologia, da razão... Será uma pessoa infrutífera. Poderá descobrir a cura do câncer, mas quem se lembrará de câncer quando todo o corpo estiver ardendo nas chamas do inferno? Não, não é fruto verdadeiro o produzido por quem se aparta do Senhor, é apenas mais um espinho, mais uma defesa, mais um mecanismo de segurança para os tempos de seca... Dinheiro para gastar quando está deprimido, álcool para relaxar, tranquilizante para dormir, drogas pra curtir, promiscuidade para ter prazer... Espinhos, espinhos, espinhos... Galhos retorcidos e soberba, assim é homem que não confia no Senhor. Tão preocupado, nem consegue mais enxergar os pequenos milagres, as belezas do dia a dia (v.6). Não sente mais prazer na rosa que lhe sorri ou no colibri que lhe cumprimenta. Nem o gotejar da chuva lhe tranquiliza e os raios e os trovões não lhe trazem excitação alguma...
Permita-me ainda falar brevemente daqueles que confiam no Senhor. Ah! Estes são como árvores junto às águas. Como confiam no seu redentor, não precisam se preocupar, e usam suas energias para crescer, tornam-se frondosas e de folhas carnudas. Quem procurar lugar à sobra encontrará. Podem produzir fruto e abrir as folhas para receber toda luz do sol e assim ficarem cheias de energia, de vida! Seus frutos vez por quando caem na água e fazem os peixes saltarem para comê-los, os macacos e os pássaros sentam em seus galhos para comer seus frutos. Eu quero ser como essa árvore, e você?
Precisamos entender que quando levantamos mil defesas ao nosso redor, quando pensamos que tudo e todos desejam nos agredir e por isso nos armamos até os dentes, a impressão que passamos é de que nós é que estamos nos preparando para a guerra. De que nós é que estamos agredindo. Comecemos então a abolir as palavras ásperas, o egoísmo, as tramas, as trapaças, a avareza. Façam de suas “espadas arados, e de suas lanças, foices” (Is 2.4). O homem se cercou e se armou contra si mesmo. O homem que confia na humanidade confia de forma contraditória, pois sua confiança o leva a construir fortalezas... Confia, desconfiando... Eu quero aprender a confiar no Senhor, parar de machucar quem de mim se aproxima. Abaixar as armas e me preocupar em produzir frutos e sombra, para que quem de mim se aproximar possa encontrar refúgio e segurança, ao invés de espinhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário