terça-feira, agosto 11

Está preparado para se afogar?


Há muito se ouve que quem está na chuva é para se molhar. O engraçado é que muitos querem chuva, mas não querem ser encharcados por ela.

Pedimos chuva, pedimos água, pedimos torrentes e pedimos que o rio de Deus passe por nós. Mas, o que isso significa de fato?

No final do livro veterotestamentário Ezequiel, lemos a descrição de uma intrigante visão do profeta. Ele narra o movimento crescente de uma torrente de águas. Águas, estas que começam como fino córrego e conforme o profeta passava pelas águas sua profundidade aumentava até que fosse necessário nadar.

Alguns crêem que estas águas simbolizavam as bênçãos de Deus que fluíam do templo. Outros acreditam que elas dizem respeito às eternas bênçãos mencionadas por João, o apóstolo, no livro de Apocalipse. Podemos deduzir também que essas águas representam a prosperidade física e as bênçãos espirituais que Deus enviará na era messiânica. Ou podemos fazer uma leitura espiritual, comparando-as às águas vivas que fluem no interior dos crentes. Seja qual for nossa idéia quanto à passagem, uma coisa é certa; é preciso saber nadar.

Existem algumas formas como podemos encarar o que significam águas nos textos bíblicos. Ora, poderão ser bênçãos, ora castigo de Deus, ora provimento, ora renascimento, ora impropério, ora povo, aglomerado de pessoas.

Na passagem citada podemos entender as águas como bênçãos vindas de Deus. As águas do mar Vermelho contra o exército egípcio em favor de Israel sob a liderança de Moisés é um exemplo de castigo. Na peregrinação dos hebreus e o milagre da água fluindo da rocha como provimento. O batismo lembra-nos o renascimento de um novo ser em Cristo e, em Apocalipse, temos uma besta emergindo do mar, convencionalmente entendida como um Poder saindo do meio de um povo.

A questão é o que estamos pedindo quando cantamos “faz chover, Senhor”, “derrama chuva neste lugar”? Em tempos de inusitados modismos no meio cristão evangélico não é raro vermos canções melosas e molhadas. Cantamos e pedimos chuva sobre nós, sobre a igreja, sobre a família e por aí vai...

E se Deus realmente mandar chuva estamos nós aptos para nadar como o profeta Ezequiel? Nossos corações estão tão voltados para Deus que não há o risco de que venham chuvas demasiadas e inundem nossas vidas às vezes sem fundamento na Rocha? Será que temos sido amigos de Deus ou amigos do mundo? E se estamos sendo amigos do mundo, e, portanto inimigos de Deus, pedindo chuva não é arriscado sermos afogados como os egípcios no mar Vermelho? Advertidos na parábola que Jesus proferiu sobre o homem que construiu sua casa na rocha e o que construiu na areia, podemos refletir se pedir chuva é algo bom ou ruim para nós!

A falta de discernimento é advinda da falta do Espírito na vida do crente. E isso é deveras sério! Há momentos na jornada em que tempestades, torrentes de águas e chuvas assustadoras nos acometem de súbito. E se não estivermos com nossas vidas construídas sobre Cristo Jesus não estaremos prontos para suportar chuva alguma, muito menos quando estas não são como canta o hino, chuvas de bênçãos.

Quando estamos em/com Jesus Cristo não importa que tipo de águas nos sobrevenham estaremos seguros como o estavam os discípulos no barco no meio da tempestade.
Então a pergunta é, sabemos nadar? Queremos nos afogar? Queremos estar molhados? Queremos chuva, de fato?

Se você está cheio do Espírito então verdadeiramente de ti fluem águas vivas. E como tal não haverão tempestades ou inundações ruins que lhe derrubem e lhe afoguem. E também como tal as águas e chuvas de bênçãos serão vindas como refrigério, provimento e purificação para deleite do espírito.

Mas, se não enches tu do Espírito Santo, estarás preparado para afogar em águas profundas?


Publiquei este texto originalmente no meu blog Tomei a pílula vermelha

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