segunda-feira, abril 26

Heroína, uma menina qualquer

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2Rs 5.1Naamã, comandante do exército do rei da Síria, era grande homem diante do seu senhor e de muito conceito, porque por ele o Senhor dera vitória à Síria; era ele herói da guerra, porém leproso. 2Saíram tropas da Síria, e da terra de Israel levaram cativa uma menina, que ficou ao serviço da mulher de Naamã. 3Disse ela à sua senhora: Tomara o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra.

Naamã era um homem sem nada, ou quase. Se todos olhavam para ele e enxergavam o magnífico comandante, na realidade seu brilho não era tão grande. O exército era do rei da Síria. A vitória, fora o Senhor que dera... O que sobrava para Naamã? A lepra!

Enquanto o poderoso guerreiro vestia sua armadura e aterrorizava os inimigos, ele mesmo não tinha paz, angustiado sem saber o dia que a morte lhe bateria à porta. Se por um lado o seu povo lhe dava honras, dava a um estereótipo, não ao monstro carcomido que existia dentro da armadura. Vivemos em dias de heróis leprosos. Somos ensinados a vencer, conquistar, prosperar... Ganhar as guerras deste mundo. Heróis de guerra, com bons empregos, grandes ministérios, muito produtivos. Pessoas cheias de renome e grandezas. Currículos quilométricos. Máscaras. Mascarados.

O primeiro passo para resolver um problema é admitir que ele existe. Fazer de conta que não estamos em crise quando estamos, ou que não está doendo quando na realidade está servirá para que? O máximo que conseguiremos é enganar o próximo e por curto período a nós mesmos. Máscaras têm efeito analgésico, mas não curativo. O máximo que Naamã poderia conseguir com sua armadura era que os outros pensassem que ele não padecia de enfermidade, mas quando a lepra se agravasse, todos perceberiam. Uma mulher não poderá se manter maquiada a vida inteira, cedo ou tarde seu marido saberá como ela de fato é! Nossas máscaras, podem até ser eficientes para os que olham de fora, mas e para aquEle que nos conhece por dentro?

A lepra tirava a sensibilidade de Naamã, mas debaixo da armadura, ninguém a veria. A lepra espiritual nos impede de enxergar o declínio de áreas em nossa vida, ainda mais quando usamos de máscaras. Por que fazer de conta que vai tudo bem quando seu filho está indo na direção das drogas? Por que negar ao pastor que está com problemas quando seu casamento está em ruínas? A lepra espiritual, nos tira a sensibilidade de ver que aqueles que estão ao nosso redor são pessoas necessitadas de amor, de instrução no evangelho e condições básicas de vida!

Mais adiante o texto bíblico mostra que de fato Naamã foi curado através de Elizeu. Mas não acho que nessa história, o verdadeiro herói seja Elizeu e muito menos Naamã. Essa história tem uma heroína! Uma heroína sem nome, simplesmente chamada de ‘menina’. Que foi tomada como escrava pelas tropas da Síria. O que teriam feito com seus pais? Como escrava, trabalhava duro e sem salário. Tinha todos os motivos do mundo para desejar que Naamã morresse em sua lepra. Mas ela perdoou! Ela desejava a cura de seu agressor.

É tempo de lançarmos as máscaras no chão e se temos algo contra alguém, é hora de perdoar. Como metal pesado, a mágoa se acumula nos corações até atingir níveis de concentração letais. Enquanto a lepra consome visivelmente, a mágoa corrói em oculto.

Se a menina não tivesse perdoado Naamã, ele morreria em sua lepra. Se Naamã tivesse impedido a menina de saber que era leproso, nunca teria sido por ela aconselhado. Qual a sua condição hoje? Herói de guerra, porém leproso? Ou vítima de tais heróis?

Nossa sociedade tem ensinado a matar nossos irmãos para crescer. Assim, machucamos e somos machucados. Meu desejo é que possamos sair desse ciclo vicioso de ferir e ser ferido e entrar no ciclo de perdoar e ser curado.

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